quinta-feira, 30 de julho de 2009

Glub, glub

Então que hoje eu resolvi tirar outro cartão da caixinha.

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Dessa vez o início de história proposto foi:

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“Leonardo chegou no banheiro para fazer xixi e viu que tinha um peixinho azul dentro do vaso sanitário. “E agora?”, ele pensou.”

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Olha continuar a história do pequeno Leonardo não me animou muito não, mas me fez lembrar que estou enrolando há meses pra montar um aquário novo no meu quarto. Quem sabe eu não resolvo esta questão nesse fim de semana!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Eu estava reclamando com ele sobre o meu bloqueio criativo.
Não consigo escrever nada que tenha mais de duas linhas e mesmo essas duas linhas não são lá muito aproveitáveis.
Então ele, homem de atitude que é, resolveu dar um jeito no meu problema.
Chegou hoje com um joguinho chamado “A fantástica fábrica de histórias”. Uma caixa com 40 cartões contendo uma frase para que, a partir dali, a pessoa continue a história. Idiotamente fofo o meu presente...
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Vamos ao primeiro cartão:
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"Bruno era conhecido como o Menino Balão. É que ele tinha uma espécie de poder mágico. Ele pegava o dedão da mão esquerda, ficava assoprando, assoprando, e acabava se enchendo, que nem um balão. Aí, quando estava cheio de ar, ele soltava o dedo e saía voando e se esvaziando. Um dia, por conta disso, ele caiu num lugar esquisito.”
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Ok, nada contra o Bruno, mas essa história é meio esquisita...
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Quem sabe tenho mais sorte no próximo cartão.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Mascara


Recentemente tenho tido que, praticamente, reaprender a viver.

Nunca imaginei que minha vida e meus alicerces poderiam mudar tanto em tão pouco tempo.

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Só exemplificando por alto, sempre tive a família perfeita (mesmo sabendo que famílias perfeitas não existem). Aquele tipo de família que curte jantar junto quase todos os dias, que criou os primos como melhores amigos, que sabe o nome de cada um dos meus amigos, que vibra e valoriza qualquer pequena vitória no trabalho como final olímpica. Eu continuo fazendo parte dessa família, essa família continua existindo, mas essa família esta em estado de choque. A aceleração da doença do meu avô esta fazendo todo mundo sair um pouco dos eixos... Talvez ele fosse nosso eixo.

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Sempre fui a menina bem sucedida. Passei pra faculdade com 16 anos, sempre tive ótimos estágios desde o 1º período, fui efetivada antes mesmo de se formar, aos 21 anos. Continuo recebendo carinho de todos os lugares pelos quais já passei na minha curta carreira profissional. Sempre fui a menina das ciências “humanas” com a visão das ciências exatas. O agridoce, o sudoeste... Trabalho em uma grande multinacional, cuja marca é uma das mais valiosas do mundo. Faço viagens, cursos internacionais, falo em jargões que ninguém entende mas que faz todos me acharem o máximo. E quando isso tudo passa a ser mais legal pros outros do que pra você? Quando você sabe onde queria estar e tem medo de não conseguir chegar lá?

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Coisas assim, obviamente não me deixam feliz. São coisas assim que me fazem estar na toca há quase um mês. Quem vai contestar a desculpa de que estou cansada por ter, depois de um dia cheio no trabalho, passado horas na casa dos meus avós? É uma “desculpa” louvável e incontestável. Mas a verdade é que no fundo é só mais uma máscara...

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Estar sozinha e não ter aquele abraço largo e gostoso, dizendo que eu não preciso me preocupar com o programa de fim de semana, que vamos apenas ficar em casa, vendo filmes velhos e ouvindo música boa. Ficar sem ar de tanto chorar de noite e não tem no colo de quem se aninhar e se sentir protegida... não só estar sozinha, como ainda ter que ser o colo dos seus pais, tios e primos... Afinal você é a forte da família.

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Um cara que eu admiro bastante conseguiu descrever bem o que eu to tentando dizer: “Já virou clichê falar que o mal do século é a solidão. Não só a solidão em si, mas a distância entre as pessoas, os muros que criamos para nos proteger uns dos outros, as máscaras sociais, a falsidade, a dificuldade em se abrir, em compartilhar, mostrar ao mundo nossas fraquezas e necessidades. Tentamos a todo custo ser completos, perfeitos, bastantes e suficientes. Mas não fomos feitos pra isso, somos seres sociais e interdependentes, não somos independentes tampouco dependentes. Mas as pessoas não se abrem, falam sobre o tempo, sobre o nada, quando dentro do peito aquela voz grita por atenção, carinho, afeto, companhia”.

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Se eu tivesse coragem seria por tudo isso que estaria gritando agora, ao invés de responder que está tudo bem a cada vez que um amigo se aproxima querendo saber o porquê do meu sumiço, ou quando querem saber como vão os projetos no trabalho...

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Essa juventude de hoje em dia...

Ontem de noite dei uma parada estratégica na farmácia.
Como eu adoro farmácias!
Passo horas vendo shampoos, cremes, cosméticos... O povo que trabalha na perto lá de casa já me chama até pelo nome.
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Estava me divertindo no meu passeio quando vejo uma menina parada olhando para aquela parede cheia de absorventes com uma cara de interrogação no rosto.
Julgando pela aparência ela devia ter em torno de 14 anos, estava com o uniforme escolar da rede pública. Dava pra ver que estava bem naquela faze em que o corpo está se transformando. Já existiam sinais de peitos, mas a cintura ainda não estava lá. A pele com algumas, ainda poucas, espinhas...
Na hora imaginei que ela deveria ser uma dessas meninas que não tinha uma mãe, tia, madrasta, ou qualquer coisa que o valha, para recorrer e que havia ficado menstruada pela 1ª vez. Me sensibilizei na hora.
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Fui me aproximando dela aos poucos, fingi que examinava a prateleira, e fiz um daqueles comentários soltos no ar pra ver se ela pegava a isca “nossa, cada dia eles inventam um modelo novo. Assim a gente até se perde na hora de escolher”. Ela na mesma hora olhou pra mim e concordou.
Achei que era a deixa que eu precisava e perguntei se ela precisava de ajuda.
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Foi nessa hora que todo o espírito maquiavélico adolescente se revelou.
Vejam só como estão as coisas nesse mundo.

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Ela sorriu e disse que sim enquanto me puxava para o fundo da loja.
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- Eu preciso de ajuda sim, mas é pra comprar outra coisa. Eu fiquei aqui perto dos absorventes por que sabia que alguma mulher mais velha do que eu viria oferecer ajuda e assim eu poderia dizer o que eu to querendo mesmo.
(É impressão minha ou ela me chamou de idiota? Eu achando que tinha jogado a isca pra ela quando quem caiu na dela fui eu).
- Bom, o que você está querendo mesmo?
- É que... tipo assim... hoje eu vou transar pela 1ª vez com o meu namorado, sabe...
(Apesar dela tentar manter a pose de “decidida” dava pra ver um certo nervosismo no rosto dela). A gente tinha marcado de se encontrar na saída do curso dele, mas ele me mandou uma mensagem falando pra eu comprar a camisinha antes. Eu disse pra ele ir, mas ele respondeu que esqueceu e que se ele fosse comprar depois do curso ia ficar muito tarde.
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Confesso que estava ouvindo aquilo tudo meio chocada. Na idade dela o meu 1º beijo ainda nem tinha comemorado aniversário e ela já estava passando na farmácia pra comprar a camisinha que o namorado dizia ter esquecido. Eu queria sentar e conversar com ela, perguntar quantos anos ela tinha, se era aquilo mesmo que ela queria fazer, e todo aquele bla bla bla... Mas eu continuei parada, apenas ouvindo.
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- Na hora eu não gostei, mas aí parei pra pensar e achei legal ele me pedir pra comprar, por que mostra que ele não quer fazer sem e isso é bom, né?
- É sim, é ótimo (o que mais eu poderia ter dito?)
- O problema é que eu não sei qual é a camisinha certa pra comprar... e tem tantas lá...
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Respirei fundo e preparei todo aquele discurso de aula de orientação sexual...
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- Olha, querida, qual o seu nome? Então, Livia, não existe camisinha certa e camisinha errada, existe aquela que o cara prefere. Uma é mais lubrificada a outra é menos, uma é mais fina a outra é menos fina, com textura, sem textura...
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Com os olhos arregalados e meio desapontados de quem esperava uma resposta exata do tipo “primeira vez com o namorado? Então use a camisinha XYZ” ela continuou...
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- Mas não tem, tipo assim, uma que seja a mais vendida, ou a mais popular?
- Sim, existem as marcas mais populares, mas como você deve ter visto, cada marca tem vários modelos.
- Já sei então! Vamos lá na frente e você pega pra mim a que o seu namorado gosta, pode ser?
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Achei curioso a certeza dela em relação ao meu estado civil. Que bom que a minha solteirice ainda não salta aos olhos. Já estava achando aquela situação engraçada demais, mas desespero da menina já estava passando do aceitável. Fui andando em direção a prateleira das camisinhas e parei pra pensar que não lembrava de já ter passado por essa situação antes. Acho que nunca comprei camisinha, se comprei não foi algo marcante. Encarei aquela infinidade de embalagens diferentes, olhei por um instante e peguei uma.
Quando fui entregar pra ela, ao invés de pegar o pacote, com os olhinhos pidões, ela me entregou uma nota de R$10,00. A minha vontade foi, mais uma vez, dar uma de tia e dizer “ah, pra transar você não tem vergonha, agora pra comprar camisinha tem? Assim fica fácil!”. Mas, mais uma vez eu não fiz isso. Peguei a nota que ela me deu, coloquei o pacote dentro da minha cesta e fui ao caixa.
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- Aqui Livia, toma as suas camisinhas.
- Obrigada, moça.
- Juizo, heim (esse comentário eu não consegui segurar).
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Ela sumiu correndo na rua e eu fui andando pra casa. No caminho não sei se eu me sentia mais...
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> Idiota por ter caído no plano de uma menina de 14 anos que fingiu não saber comprar absorventes quando, na verdade, queria comprar camisinhas.
> Assustada por constatar que, cada vez mais, esse povo se inicia mais cedo na vida sexual, pulando etapas...
> Preocupada como o jogo Palmeiras e Flamengo que começaria em poucos minutos...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

A little too late

E ainda embalada pelo show do Roberto Carlos...
No meio do show tive uma daquelas sensações de “Putz, eu deveria ter feito assim”.
Por que aquela sequência infame de e-mails fofos seguidos de e-mails intempestivos, quase ofensivos, intercalados com telefonemas ou mensagens desconexos?
Se na verdade tudo que eu deveria ter dito era:
“Quero que você me aqueça neste inverno e que tudo mais vá pro inferno”.
Mas eu não fiz assim... Eu fiz do meu jeito confuso de ser. C’est La vie!
E ainda restam 2 meses e meio de inverno...

RC 50 anos - Eu fui

Pois então... eu fui no show do Roberto Carlos.

Entre as quase 70mil pessoas que estiveram no Maracanã este sábado, eu eram uma delas.

Eu fui levando a minha avó, mas mesmo que ela não quisesse ir eu teria estado lá.

A verdade é que eu nunca gostei do Roberto Carlos... Por sinal, da trinca de “reis” brasileiros (Xuxa, Pele e Roberto Carlos), pra mim, nenhum se salva. É a velha máxima de “cada povo tem os reis que merece”.

Lembro que quando pequena era um sofrimento assistir ao especial de fim de ano com a minha avó. Só não era pior porque com os primos reunidos sempre saia alguma besteira, como os mil planos que tínhamos para conseguir ver a perna mecânica dele.

Mas a culpa não é minha... A época de Roberto Carlos que conheci foi uma época em que ele cantava sobre “Mulheres de óculos”, “Mulheres gordinhas”, “Mulheres de 40”. Todas música iguais, mudando apenas o refrão. Fora que eu sempre amei performances, e aquele cara cantando estático no palco, com aquele cabelo de Chitãozinho, e aquele bater de palmas esquisito sempre me irritou.

Até que conheci um certo rapaz.... Sempre os rapazes... Este em especial amava as músicas do Roberto Carlos. E foi com ele que conheci as grandes pérolas compostas e interpretadas por RC. Foi este rapaz que me mostrou que ele era mais do que aquelas músicas lançadas como justificativa para um CD novo a cada natal. E por mais que as melodias por muitas vezes me parecessem repetitivas ou simplórias não havia como negar que o cara era um poeta.

Por isso quando soube do show no Maracanã disse na mesma hora que estaria lá. Daria a chance para que o tal “rei” me conquistasse.

Fui ao show. Gostei do que vi. Me emocionei com a emoção da minha avó. Me diverti com o público vestido de gala em um ambiente usualmente freqüentado por “ogros”. Mas ainda não consigo entender como alguém com tão pouco carisma pode ter virado rei. Ele não se reinventa, ele não surpreende, ele fica sempre no previsível, e ainda pior, ele tem uma péssima dicção. Com a entrada do Erasmo Carlos no palco tudo isso ficou ainda mais gritante.

Mas sim, eu fui ao show e eu gostei do show. Sabia todas as músicas, bati palmas, cantei de olhos fechados e ri de forma cúmplice para os outros jovens que se sentiam deslocados naquele Maracanã da terceira idade. O talento e a riqueza destes 50 anos de careira de RC são inegáveis, mas tenho que confessar que ele não conquistou mais uma súdita.