Eu fui criada em uma família católica praticante.
Com direito a missa aos domingos, reza antes das refeições e tudo mais que se tem direito.
Quando meu irmão entrou para o catecismo eu morri de inveja. Queria por que queria entrar também. Mas tive que esperar ele fazer a 1ª comunhão para, aí sim, chegar a minha vez.
Minhas aulas aconteciam na casa paroquial, todos os domingos, de 8:00 às 10:30. Depois da catequese toda a turma assistia junto à missa de 11 ao meio dia.
Nossa, como eu amava isso.
Participava de toda e qualquer coisa na igreja. Ia de madrugada fazer tapete decorado para a procissão de Corpus Christi, fazia teatro para encenar as parábolas bíblicas, lia os salmos durante a missa, puxava a ladainha no mês de Maria, criava coreografias (discretas e respeitosas, é claro) para os cânticos...
Com o fim da catequese veio o grupo jovem, e depois um novo ano de catecismo, desta vez para a crisma.
Minha amigas sempre me chamaram de carola, de santinha, e eu sempre tive o maior orgulho disso. Era uma fé inabalável.
Não sei dizer exatamente quando foi que as coisas mudaram. Acho que foi ainda durante a crisma. As coisas pararam de fazer tanto sentido pra mim, as respostas ficavam com respostas vagas ou incompletas. Só sei que aos poucos eu fui me afastando da igreja ao ponto de hoje somente ir a missa em ocasiões como natal, casamentos, batizados e afins.
Vai ver eu sou questionadora de mais para tantos dogmas, vai ver minha fé era fraca. Vai ver essa coisa da igreja fazer questão de viver num mundo completamente à parte me incomode demais.
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Este fim de semana que passou teve a missa de 80 anos da minha Tia Avó, um desses eventos que ainda me faz ir a igreja. Eu estava no meio de um turbilhão emocional, a cerimônia estava acontecendo bem na hora em que meu avô estava sendo operado.
Fiquei feliz. Na verdade satisfeita.
Primeiro porque, mesmo na hora do desespero, eu não me vi rezando e pedindo favores. Acho muito feio pessoas que se afastam da igreja e depois, quando se vêem necessitadas, voltam correndo com a sua listinha de pedidos. E segundo, porque mesmo não me considerando mais uma pessoa realmente de fé, aquele ambiente me trouxe conforto.
Eu sabia a hora de sentar, levantar ou ajoelhar. Conhecia as preces que não estavam no folheto, sabia as músicas de cor.
Independente de ter rezado ou não, estar na igreja àquela manhã acalmou meu coração. Não sei se pela presença de Deus ou pelas boas memórias da infância. Acho que no fundo isso não faz muita diferença... pra mim foi importante saber que ainda existe conforto naquelas palavras.
4 comentários:
é importante crer, nao importa no que...
Significa sentido e faz toda diferença...
Eu tive quase tudo pra ter sido assim como vc: meu pai foi seminarista e boa parte dos amigos dele são padres, um tio avô muito próximo era padre (faleceu), minha mãe é católica e eu estudei em colégio católico a vida toda. Mas não me crismei. Não vi sentido nisso. Também nunca frequentei nenhum grupo de jovens, nunca fiz encontro, nada. Ia à missa aos domingos, até o dia em que saía de lá deprimida. Hoje, só vou em "eventos" e na missa do fogo.
De certa forma precisei me afastar da igreja para ter mais fé e Deus, porque a doutrina católica me fazia mais desacreditar do que acreditar. Hoje voltei a ter paz com esse meu lado da vida. E acho que isso é o que importa.
eu nunca me encontrei na igreja católica. Até que me converti. Foi assim que descobri a verdadeira paz e a verdadeira fé.
Esse texto lembrou minha infância.. hehehehe foi exatamente assim... durou até a crisma. Mas basta escutar uma canção que eu conheça ou o simples fato de ainda me surpreender por saber de cor o senta + ajoelha + levanta que eu ainda sinto um "Q" de saudade e pontinha de inocência dentro de mim. Naquele tempo eu não sabia nada da vida e esse conhecimento não me fazia falta.
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