terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Obrigada pela paciência!

É sempre mais difícil falar de quem a gente ama... Ainda mais quando você ama essa pessoa desde sempre. Um romance sempre tem um início marcado, ou foi naquele dia de chuva, ou naquela aula da faculdade, foi o encontro naquele bar, ou naquela noite na praia... e a partir dali fica mais fácil narrar os acontecimentos e os sentimentos... mas o amor sobre o qual eu quero escrever hoje não se deu assim... Ele nasceu junto comigo, no máximo uns meses depois, cresceu comigo, se bobear cresceu até mais do que eu...

Me contam histórias de quando eu era pequenininha e você ainda morava em salvador... Assim que você ficava de férias você vinha pro Rio ajudar a “cuidar” de mim... Desde os meus primeiros meses já era a sua Barbie... É claro que eu não lembro disso, mas gosto das histórias mesmo assim. Depois, eu já tinha uns três aninhos... lembro de nós cinco, todos vestidos de verde andando de manhã pra esperar o ônibus da escola... No ônibus você e suas amigas não paravam de me paparicar... tadinhas das minhas bochechas e marias chiquinhas... Já na volta da escola lembro da gente correndo direto lá pra casa em direção aos Toddynhos que “magicamente” estavam nos esperando em cima da mesa da cozinha.

Quando fiquei sabendo que vocês estavam partindo pra Inglaterra estava na Disney... É claro que eu não tinha a menor noção do que isso significava... tinha só 4 anos... e acho que nem vocês podiam imaginar que as coisas seriam como foram... Foi ai, então, que “nos separaram”... quando eu tinha 4 e você 11 anos. Minha mãe sempre conta que eu não me cansava de me perguntar quando vocês iam voltar a esperar o ônibus com a gente... mal sabia eu...

E foi a partir daí que ficamos condenadas a ter um contato de 15 dias por ano.

A época do natal era aguardada o ano todo. Eram dias de convívio intenso... com direito a pique nique na praia, jantar feito pelo jido só pros netos... Idas ao shopping, muitos filminhos família, praia quase diariamente. O que era a sua paciência em assistir todas as coreografias que eu tinha desenvolvido durante o ano?!

Com o passar do tempo o momento mais esperado passou a ser a noite em que eu dormiria com você na casa da Vo Inha. Começava comigo contando as história “bombantes” do ano, depois vinha aparte da cosquinha e da briga de travesseiro, chegam a rolar até algumas mordidas... era mais ou menos nesta hora que o Jido nos levava para comer manga escondidos... quando voltávamos para o quarto era a hora de eu sonhar ouvindo as histórias da minha prima mais velha... Colégio, depois faculdade, os paises mais distantes, as histórias mais fascinantes...

Você sempre foi aquela prima (irmã) mais velha que eu sempre quis ser igual... adorava quando ganhava uma roupa e minha mãe dizia que tinha sido sua... Na escola então, ficava toda boba com os presentes que você me trazia. Incrível a proximidade que construímos mesmo com toda a distância... Foram 16 anos... São 6 anos e meio de diferença...

Nada disso parece ter sido capaz de nos afastar... Quantas foram as vezes em que aconteceu alguma coisa por aqui e você foi a primeira para quem eu liguei (meu pai que o diga pela conta de telefone!)... Foram tantas as coisas que dividimos...

Lembro que não foram poucas as vezes que eu chorava “com raiva” me perguntando por que nos separaram... Pra mim parecia tão injusto isso! Mas até que funcionou, né? Como eu te disse já algumas vezes... Não escolhemos ser primas, mas, definitivamente, escolhemos ser amigas! E você é uma das minhas maiores.

O amor que sinto por você me é tão confortável... É do tipo que eu não ouso questionar. Conheço suas virtudes e defeitos e mesmo assim TE AMO. Você não é capaz de imaginar minha reação quando no final do ano passado você me contou que estava pra voltar... parecia que o Papai Noel estava respondendo uma cartinha minha com uns 14 anos de atraso!

É muito gostoso te ter a um quilometro da minha casa... mas hoje sei, com toda a certeza, que você poderia estar a 100.000km que não faria a menor diferença!

Um comentário:

Anônimo disse...

Nos somos duas bocos mesmo... to com lagrimas nos olhos. I love you.