segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

O por que disso e de tantas outras linhas já escritas?

Quando mais nova, mais ou menos dos 12 aos 16 (ou 17) anos eu adorava a revista Capricho. Era até assinante. Normalmente, quando a revista chegava, eu lia em uma tacada só... de cabo a rabo. Depois vinha a hora de telefonar para a amiga e repassar a revista, desta vez com comentários... era um ritual quinzenal. Comentávamos as fotos, as matérias, as roupas o resultado dos testes.

No final desta saga eu já achava a revista muito chata... Não era necessariamente culpa dela... acho que eu estava crescendo... era normal me desinteressar por aquele blá blá blá... Aquela forma massificada de tratar as pessoas, de ensinar todas as meninas a se pentearem igual, a falarem igual, a responderem igual aos meninos... Mas uma coisa a Capricho fazia bem, na minha opinião. A melhor coisa da revista era a última página, a coluna do Antonio Prata (filho do grande Mario Prata). Com isso era impossível você terminar a revista falando mal dela... o último comentário era sempre positivo.

Depois de muitos anos distante desta publicação voltei a ter contato com ela de uns seis meses pra cá. A Ed. Abril é parceira da empresa onde trabalho e recebo quinzenalmente a Capricho. Sempre que ela chega não resisto ao impulso (acho que por saudosismo) e pulo pra dar uma folheada. É impossível não me perguntar como conseguia ler duas (3, 4, ...) vezes a revista... a cada edição demoro menos tempo com ela aberta... da última vez acho que não foram nem 3 minutos... mas uma coisa continua lá... as colunas do Antonio Prata.

A dessa semana me fez pensar um pouquinho... seguem uns trechinhos dela:

Não sou corajoso, por isso escrevo. Escrever é uma forma de segunda época da vida, (...). Ao vivo e em cores não sou como eu gostaria, nem o mundo é perfeito. Então coloco uma letra depois da outra e tento transformar ressentimento em graça. Acho até que abriria mão dos textos se pudesse ter sempre uma resposta pronta quando me ofendessem; fosse atrás, sem receio, da mulher por quem me apaixonei; dissesse, todas as vezes, exatamente aquilo que penso das coisas, doa a quem doer: mas a vida não é assim, eu não sou esse cara, aliás, alguém é?
(...)
Poderia dar muitos outros exemplos de pequenos desastres pessoais causados pela covardia e terminar a crônica com alguma moral edificante: “Sendo assim, querida leitora, não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje!”. “Lute pelos seus sonhos!”. Bobagem. A vida é complicada pra caramba. Vivê-la sem problemas não é uma questão de decisão. Aliás, sei lá qual a questão. Se soubesse, não escreveria: viveria e só. Boa sorte.”


Será que é por isso que eu escrevo também?! Para viver o que eu não vivo?! Tenho compulsão por botar sentimentos e abstrações no papel... Esse blog é apenas uma parte pequenininha disso... Será que se eu fosse a pessoa que eu gostaria de ser, se eu vivesse a vida dos meus sonhos eu não “perderia tempo” com isso?!

Não sei, mas tendo a acreditar que isso me faria querer escrever ainda mais e mais...

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