Aulas chatas e trânsito são os melhores lugares do mundo pra pensar no que não deve... É incrível, foi só recomeçarem as aulas e, consequentemente os grandes congestionamentos na volta pra casa ou na ida pro trabalho, que minha cabeça já está cheia de caraminholas.
Hoje, à caminho do escritório, vim pensando em “Se você tivesse que escolher congelar sua vida em uma determinada cena, qual cena seria esta?”.
A primeira vez que pensei nisso foi durante a primeira temporada do Saia Justa... se não me engano esta foi uma pergunta levantada pela Fernanda Young.
Lembro que fiquei com isso encasquetado na cabeça ate chegar a minha resposta. Hoje, uns 4 anos depois, talvez (confesso que perdi um pouco o referencial de tempo), me peguei pensando na mesma coisa.
Pensei em escolher um momento que sempre acontecia nas férias de verão quando, até os meus 6, 7 anos, os cinco netos enfileiravam os colchonetes no quarto da Voinha e do Jido e ficavam ali, numa bagunça generalizada até a hora de dormir... Mas não... acho que esse não. Queria uma coisa mais única.
Lembrei depois do meu primeiro verão em Atlântida... eu tinha 14 anos se não me engano... minha primeira viagem pra tão longe só com as amigas. Pensei em congelar na tarde anterior ao primeiro dia do Planeta Atlântida daquele ano. Estávamos todos em uma rodinha de violão, jogando conversa fora, com churrasco e cerveja rolando (não pra mim é claro, eu disse que tinha apenas 14 anos!)... Acho que experimentei ali um dos meus primeiros sopros de liberdade. Mas também não me satisfiz com esse momento, aquele não era o meu habitat natural, não queria congelar minha vida em um lugar que não reconheço como meu.
Parti então pro dia em que soube que fui aprovada na faculdade... eu era tão idealista naquela época... E esse foi sem dúvida um dia muito feliz... um passo muito importante pra grande parte dos meus sonhos até então. Mas acho que se congelasse minha vida aí eu teria pra sempre um retrato individualista de uma conquista que não foi só minha.
Me pareceu obvio ir para meu arquivo de memória dos tempos de Inglaterra... Ali com certeza figuram alguns dos momentos mais memoráveis da minha breve história. Não precisei gastar muito tempo até chegar no da em que fui visitar Cambridge. Acho que foi ali que eu me vi não mais como uma simples turista, mas como alguém que já fazia parte daquele ambiente. O momento em que passeava de gôndola pelos canais da cidade recostada no ombro do Aytaç são mágicos até hoje. Um sonho, um grito de liberdade, superação. Mas novamente o mesmo problema... seria retratada sozinha.
A essa altura já estava quase chegando no trabalho.. foi ai que eu lembrei o momento que eu escolhi alguns anos atrás... E vi que ele continua imbatível...
Uma noite qualquer de domingo, eu, meu irmão e meus pais aninhados na cama deles vendo mais uma edição de Topa Tudo Por Dinheiro. Eu congelaria minha vida ali. Naquela cena que se repetia a cada domingo. Tinha ali tudo o precisava e tudo que, de certa forma, ainda preciso. Minha família junta, alegria e diversão (na cena escolhida proporcionadas pelo Silvio Santos, mas que pode ser outro motivo qualquer), segurança (quer porto mais seguro que o colo do pai quando se tem cinco anos?)...
Passaram-se quatro anos desde a última vez que eu tinha pensado nisso... vivi muitas coisas desde então. Coisas maravilhosas. É incrível ver que mesmo depois de tanto tempo minhas necessidades básicas continuam as mesmas.
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