Pois é... ainda não escrevi nada sobre o meu carnaval.
Eu estava com a viagem decidida 8 meses antes e mal comentei isso aqui. Estranho, né?
Enfim, eu passei o carnaval em Salvador!
(Pausa para que a informação seja digerida)
Mesmo nunca curtido de axé, tendo ido a apenas duas micaretas na vida, mesmo sabendo que me custaria uma fortuna e que talvez eu passasse alguns perrengues, eu resolvi ir.
É uma das festas mais famosas do Brasil. Tenho amigos que vão todo ano há 10 anos e amam, enfim... queria tirar a prova com os meus próprios olhos.
Escolher os blocos e camarotes foi o mais fácil (tirando a dor do preço salgado, é claro), o problema veio depois. Descobri que existe um enorme preconceito com o carnaval de Salvador. Mais! Descobri que eu era cheia de preconceitos em relação ao carnaval de Salvador.
Na minha cabeça o carnaval de lá era coisa de “perdido(a)”. De gente que ficava bêbada o dia inteiro e beijava qualquer ser andante que passe pela frente. Coisa de gente “vazia”, que ficava 4 horas andando atrás de uma gigante caixa de som com rodas cantando “Eeeee oooooo”.
Logo eu! Que sempre tive minha imagem associada ao oposto de tudo isso. Avessa a pegação, a menina dos livros, dos filmes, do humor sarcástico, que criticava como as pessoas eram capazes de pagar R$70 numa micareta... Pois é... mas ninguém é uma coisa só. Também curto me divertir com as minhas amigas, perder a linha de vez em quando... e sem maiores justificativas, estava curiosa pra conhecer a festa e ponto final.
Aí começou a vir a reação das pessoas... Alguns amigos disseram que eu era louca, que não entendiam o que eu estava indo fazer lá. Algumas outras pessoas diziam apenas “nossa... Salvador... você... nunca imaginei”. Em outros ambientes quando o assunto surgia, não sei se era paranóia da minha cabeça, mas depois do destino do carnaval ser revelado eu sentia que o interlocutor passava a me ver imediatamente como uma periguete. Minha nova chefe quando, na véspera do carnaval, ficou sabendo que eu ia pra lá chegou a dizer “nossa, não sabia que você era dessas”. Como assim dessas?!?! Pois é, mas foi o que ela falou. Fora a infinita quantidade de vezes que eu mesma evitei o assunto.
Pois sim, eu fui pra Salvador. Eu gostei do Carnaval de Salvador! Eu me diverti demais correndo atrás daquelas caixas de som gigantes e com rodas.
Foi um dos carnavais mais sóbrios da minha vida, afinal beber tem como reação direta ir ao banheiro, e essa não era uma opção. Então a quantidade de álcool ingerida era diretamente proporcional a minha capacidade de elimina-lo através do suor. Quanto a pegação, é mais difícil se livrar de um cara na night do Rio do que de alguém dentro do trio. A razão é simples. Se você não beijou, a do lado vai beijar. Ou seja, os caras não perdem tempo contigo. Os perrengues de assalto, desorganização, e tumulto que fui esperando encontrar ficaram apenas na minha cabeça. Comigo não aconteceu nada! foi 100%.
Saí de lá impressionada. Positivamente impressionada.
Não virei axezeira, micarateira, fã do Durval ou colei uma patinha de camaleão no meu carro. Mesmo assim adorei.
O preconceito dos outros eu não posso mudar, mas quanto a mim... Menos um. Graças a Deus!