quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Reeditando

Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 2006.
Tem dias que a gente simplesmente acordou pra filosofar. Falar de amor, de paixão, de dor, de ciúmes, de amizade, de alegrias, de poesia, de música, enfim... qualquer assunto trazido à tona é motivo de pensamentos os mais variados e viajantes.
Hoje eu acordei assim. E agora, às 4h52 da manhã, do alto da minha insônia escrevo essas palavras tão imprecisas, tão vazias perto de tudo que passa pela minha cabeça nesse momento. Uma vontade de gritar, de fazer loucuras, de sair pra andar na praia, de encher a cara sozinha, de recitar palavras de amor, de ligar pra alguém, só pra bater papo, de chorar, de rir... nossa, falando assim pareço uma esquizofrênica!
Bem que esses momentos de criatividade produtiva poderiam vir mais vezes, afinal, quem não gosta de se sentir extremamente pensante?
É incrível, mas nessas horas a gente sente que pode refletir sobre tudo, que qualquer pensamento ou poesia fazem sentido, que tudo a nossa volta se encaixa... enfim, um milagre da natureza. Que Freud me explique!
Dentre tantas coisas, uma específica me vem perfurando as idéias, que é a de como é bom se sentir vivo. Ter vontades, desejos, inseguranças, medos, amores... como é bom ser complexo! Ouvir uma música e ver a poesia nela flutuar, ver uma foto e se emocionar, ser sugada pelos pensamentos como o pólen, ser soprada para as emoções como a brasa.
Ah, agora me recordo o que causou tudo isso: hoje assisti mais uma vez “Cinema Paradiso”. Esse filme sempre me deixa sem palavras. A humanidade, a ferocidade, a pureza, a leveza e a complexidade da vida são traduzidos de forma belíssima (sem nenhum trocadilho com a novela) em duas simples horas. Duas horas que poderiam ser cinco. A vontade que dá é de fazer um filme do filme; uma versão feita em uma nova tecnologia que nos permitisse vê-lo a qualquer hora e em qualquer lugar. Isso para não serem perdidas passagens por causa dessa nossa tal memória seletiva, ou digamos, sobrecarregada com tanta porcaria e estresse.
Chorei, claro. E bastante. Como não chorava desde novembro. Há uma espécie de inconsciente coletivo naquelas frases, que são capazes de tocar até um cubo de gelo. Sempre impressionante. Não preciso dizer mais nada: assista, por favor. É um bem que você faz a si mesmo.
Ao terminar o filme, discutindo com um amigo meu, vi o quanto a arte é individual. Ela só pode te acrescentar algo se você a deixar, se você encará-la como algo a ser pensado, refletido. Do contrário, ela se desfaz, vira entretenimento gratuito. E daí a ida ao teatro ou a cinema terá se tornado apenas mais um programa de domingo. Portanto, pense, reflita, argumente, opine, morra e renasça por dentro, mas nunca, nunca, deixe a arte passar incólume.
O que uma montagem feita de cenas censuradas significa pra você? Pornografia, como era pro padre? Lixo, como um dia foi pra mãe do Totó? Ou o reencontro com a vida e seus sentimentos mais puros? Não existe resposta certa... Só o que a arte desperta em cada um...

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu não seria eu se não sentisse, se não amasse, se não me permitisse a entrega. A arte é como tudo na vida, ou você se entrega completamente, ou vive sempre pela metade.

Você me deu uma ótima idéia: vou rever Cinema Paradiso. Assisti há muito tempo, e não me lembro mais da história (mas me lembro que na época gostei muito).

Pedro Favaro disse...

tão pessoal o uqe ela desperta em cada um,,,