quinta-feira, 8 de abril de 2010

Não sabe brincar...

Eu sei que o meu telefonema soou estranho. Depois da nossa ultima conversa, eu te ligar no início da noite, em um dia de semana, horário que sei que você está trabalhando... Ainda mais pra perguntar algo tão banal como o nome de um restaurante.

Eu sei, também, que você sacou que aquele não era o real motivo do telefonema. O seu silêncio não seguido de uma despedida ao dar-me a resposta deixou isso claro. Quem se apressou dando a desculpa que tinha um guarda no cruzamento à frente fui eu.

Eu tava, pra variar, com o iPod no shuffle quando começou a tocar uma música do Leoni. O refrão dizia “porque eles nunca tiveram nem vão ter nada como eu você”. Essa música nunca foi nossa, e acho pouco provável, até, que você a conheça, mas aquilo na hora me fez todo o sentido do mundo e eu queria te falar isso.

Fiquei com vergonha, sabe como é, música de garotinha... Mas já diria o Lulu, o rei do pop de amor, que “as canções mais tolas, tendo seus defeitos, sabem diagnosticar o que vai no peito”.

Mas quando eu ouvi o “Oi” do outro lado da linha a coragem de falar de Lulu e Leoni evaporaram e tudo que me veio a mente foi te perguntar o nome daquele restaurante. Restaurante esse que eu não tenho a menor intenção de ir.

E, quer saber? A própria música do Leoni era uma desculpa. Eu queria mesmo era dizer que eu achei a resposta para algumas das suas perguntas. O negócio é o seguinte... Eu desci pro play e não sabia brincar. Achei que ia te enganar, afinal todos os jogos de pique são iguais, mas a brincadeira que você propôs era mais complicada, tinha muitas nuances e o risco, caso eu perdesse, me parecia muito alto.

Agora não tem mais como eu pegar o elevador e voltar pra segurança do meu casulo. Agora eu já fui apresentada às regras da brincadeira... Ainda da tempo de sugerir esconde-esconde?

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa!
Me identifiquei de uma maneira... Quantas vezes eu inventei desculpas pra telefonar, pra escrever uma msg, um depoimento de Orkut...

Herbert Viana já diria: 'Eu sei, jogos de amor são pra se jogar'. Mas quem quer jogar e perder?
Com isso e Grey's Anatomy, eu aprendi.
'Talvez eu esteja fora do lance... Por um tempo... Mas eu não jogo! Nem pelas regras do jogo, nem pelas minhas!
Quem quer lembrar do resto?'

Belo texto. Parabéns.