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quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Poesia Matemática

Tinha tempo que eu não lia isso... Acho que a última vez que me deixei encantar por esta criatividade foi no segunda grau...

Às folhas tantas
Do livro matemático
Um Quociente apaixonou-se,
Um dia,
Doidamente,
Por uma Incógnita.
Olhou-a com o seu olhar inumerável…
E viu-a, do Ápice à Base.
Uma figura Ímpar;
Olhos rombóides, boca trapezóide,
Corpo ortogonal, seios esferóides.
Fez da sua
Uma vida
Paralela à dela.
Até que se encontraram
No infinito.
“Quem és tu?” indagou ele
Com ânsia radical.
“Sou a soma dos quadrados dos catetos.
Mas pode chamar-me de Hipotenusa.
”E de falarem descobriram que eram
- O que, em aritmética, corresponde
A almas irmãs –Primos-entre-si.
E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz
Numa sexta potenciação;
TraçandoAo sabor do momento
E da paixão
Rectas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianas
E os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E, enfim! resolveram casar-se.
Construíram um lar.
Mais do que um lar,
Uma perpendicular.
Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissectriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro,
Sonhando com uma felicidadeIntegral
E diferencial.
E casaram e tiveram uma secante e três cones
Muito engraçadinhos
E foram felizes
Até àquele dia
Em que tudo, afinal,
Vira monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
Frequentador de Círculos Concêntricos.
Viciosos.Ofereceu-lhe, a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.
Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais Um Todo,
Uma Unidade. Era o Triângulo,
Tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era a fracção
Mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a relatividade
E tudo o que era espúrio passou a ser
Moralidade
Como, aliás, em qualquer
Sociedade.

(Millor Fernandes)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Por que a gente não pode ter medo de sonhar

“Eu tenho uma espécie de dever, de dever de sonhar
de sonhar sempre,
pois sendo mais do que
uma espectadora de mim mesma,
eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E assim me construo a ouro e sedas,
Em salas supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho entre luzes brandas
E músicas invisíveis.”
(Do livro do Desassossego, Fernando Pessoa)

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Erro de Português

Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido o português


(Oswald de Andrade)