"Era um amistoso sem importância, tanto que o presidente do Flamengo em 62, Fadel Fadel, nem se lembra direito do adversário. Lembra-se vagamente que o jogo terminou empatado. Fadel saía do Maracanã, caminhando pelo estacionamento em busca do carro, quando o cumprimenta um senhor de meia-idade, cabelos grisalhos, pele curtida de cor indefinida, e com uma surrada camisa rubro-negra. Afável, sobretudo com torcedores do seu Clube, Fadel responde ao cumprimento e ouve paciente o que o homem começa a dizer:
.
– Seu Fadel, foi bom encontrar o senhor. O senhor é um homem importante, presidente do Flamengo, tem sua família, sua mulher, seus filhos, sua casa... Tem um carro bonito, os seus negócios... Queria fazer-lhe um pedido:
.
Fadel deixa a mão deslizar até o bolso, adivinhando o tipo de pedido que ia ouvir. O torcedor continua:
.
– Seu Fadel, eu queria lhe pedir para o senhor cuidar muito bem do Flamengo. O senhor tem tudo na vida, mas eu só tenho uma coisa: O Flamengo. Por favor, cuide bem do flamengo!"
Um comentário:
Já li esse delicioso conto rubro-negro em algum lugar. Não lembro onde. Outra confissão: meu exemplar de "O Vermelho e o Preto" tem um autógrafo especial do Ruy Castro. Ele foi um quase-sogro durante alguns meses.
Postar um comentário